Nota de Repúdio ao Editorial do Jornal O Povo

Primeiramente, Fora Temer!
Em seguida, gostaríamos de ressaltar a importância do Jornal O Povo e de seus profissionais para o jornalismo cearense e nacional ao longo dos seus 88 anos de história. Além disso, reconhecer o acolhimento de inúmeros estudantes da nossa Universidade, contribuindo diretamente na formação destes.

O jornalismo passa por uma crise existencial. Muitas são as fórmulas propostas para a sua recuperação, mas poucas, de fato, funcionam. O que vemos são demissões em massa, o empobrecimento dos conteúdos veiculados e a contribuição dos meios de comunicação para a desvalorização dos seus profissionais. Desvalorização que começa com o exercício de variadas funções dentro da empresa que, no todo,  não condizem com o objeto de nossa formação ou quando é preciso ficar mais horas do que o combinado e/ou permitido por lei e não receber nada por isso. Claro que não são todos os veículos de comunicação que praticam o que foi citado, mas a crise no jornalismo, infelizmente, acaba fortalecendo tais práticas. E isso precisa ser mudado.

Não temos a fórmula dos sonhos para recuperar as vendas dos jornais, por exemplo. Mas acreditamos que contribuir com a democracia, com o direito à liberdade de expressão e com a garantia de pluralidade de vozes sejam papéis essenciais para uma reconstrução do jornalismo, inclusive do impresso. Por isso, repudiamos o editorial “Fim da farra das greves no setor público”  veiculado pelo jornal O Povo, na última sexta-feira, dia 28 de outubro de 2016.

O posicionamento do jornal é vergonhoso e não reconhece a importância que o funcionalismo público tem para a história do nosso país. A palavra ‘farra’ no título do editorial mostra que veículo não leva a sério os direitos duramente conquistados e faz coro ao avanço do conservadorismo em  nosso país. Desconhece, portanto, o trajeto político e histórico que impulsiona trabalhadores a questionarem a ordem social. Ou, talvez, saiba de tal modo da sua importância que limita as possibilidades de seus funcionários o fazerem.  O subtítulo do editorial “A decisão certamente vai mudar o padrão no serviço público brasileiro” escancara as raízes do texto - o que  só piora ao decorrer da leitura e confirma o que esperamos: um desserviço para a população.

O editorial do O Povo fere não apenas o jornalismo e, nem apenas a Carta de Princípios do próprio Jornal, tornada pública em 1989, nos seguintes pontos: Imparcialidade e lealdade, democracia, justiça, ética e a regionalidade, mas fere, principalmente, as liberdades e direitos conferidos às/aos trabalhadoras/es na Constituição Brasileira.

Por fim, acreditamos que não haja imparcialidade no jornalismo e que o Jornal O Povo tende para um lado. Lado este que não é o da população, mas sim, o que atende aos seus interesses econômicos. É necessário inverter a lógica para construção de uma comunicação social saudável e capaz de pautar a complexidade de nossos dias sem rifar nossos direitos. Tendo em vista o que foi dito, podemos dizer que com o editorial citado, várias vezes, ao longo desta nota, o Jornal O Povo toma o caminho contrário e não faz jus ao que representa e muito menos aos profissionais que compõe a sua empresa.  


01 de Novembro de 2016
Diretório Acadêmico Tristão de Athayde  de Comunicação Social da UFC
Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social

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